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DISTRAÇÃO

Poema cômico

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

Minha gente, vocês conhecem, um remédio pra distração?
Eu ando tão distraído, pois ontem na refeição
eu comi meio tijolo, pensando que fosse pão.

Já cismei que era cavalo e botei arreio em mim
com o cavalo nas costas, da cidade um dia eu vim
depois ele foi jantar, e eu fui comer capim.

Outro dia no cinema, sentou pertinho de mim
uma moça, e nessa hora, uma coceira me deu
eu coçava o joelho dela, pensando que fosse o meu.

Ela me deu um pé do ouvido, que eu saí num carreirão
chegando em casa assustado, vejam só que distração
me pendurei no cabide e deitei o paletó no colchão.

Eu tava tão distraído, só de manhã dei por fé
a casa não era a minha, era do compadre Zé
deitei com ele, pensando que fosse a minha mulher.

Fui descansar numa fazenda, pra curar esta urucubaca
mas quando foi de manhã, que distração mais velhaca
fui tirar leite da cabra, pensando que fosse vaca.

Ontem eu acordei com fome, era meia-noite e dez
eu tava tão distraído, que agarrei meus próprios pés
e mordia meu dedão pensando que eram pastéis

E com essa distração, três dedos do pé eu comi
e depois por sobremesa virei do lado e mordi
o nariz da minha mulher pensando que era caqui.

Não é falta de fosfato pois ontem mesmo eu comi
mais de dez maços de fósforos e quando de casa eu saí
a mulher do meu vizinho eu beijei pra despedir
mas num caso como este é até bom se distrair.