Imprimir

 

A VINGANÇA DO ZÉ GAVIÃO

diálogo

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

- Senhoras e senhores, vamos apresentar neste momento, o nosso conhecido candidato Dr. Pereira:
- Eleitores de Caneleira, meus conterrâneos e amigos, eu , o Dr. Pereira sempre cumpro o que digo.
Se nada fiz por vocês durante esses quatro anos, eu vou explicar o motivo,
você sabem que eu não engano, é porque o adversários não me deixaram trabalhar,
ao recordar me emociono, e chego quase a chorar. Eu sou igual a vocês
um homem simples do povo, para salvar o sertão, estou na luta de novo.
Vejam os senhores, eu nem fiz a barba e querem ver meu almoço?
é este sanduíche de queijo que trago aqui no meu bolso...
Por isso conto com vocês para minha reeleição. Para matar na raiz a maldita oposição.
- Muito bem, Dr. Pereira, o senhor se lembra de mim?
- Olá Zé Gavião! É claro que lembro sim! Você é o meu velho amigo da Fazenda Viradô.
Vem me contar, você trouxe consigo mais eleitor?
- Eu trouxe dois caminhão da Fazenda Viradô, cheínho pra assistir o seu comício, doutor.
- Muito bem, Zé Gavião! Você é um caboclo franco. Compreendeu a minha luta
em prol do homem do campo. Vem, suba aqui no palanque, diga ao povo de sua terra,
quem é o Dr. Pereira um homem de alma sincera.
- Pois eu quero falar mesmo pra todo esse povo ouvir, mas me dá cá sua mão pra eu poder subir.
- Pois não, pegue a minha mão, venha, suba para cá, vamos suba , pronto aqui está.
- Obrigado, Dr. Pereira, mas quando o Sr. me puxou, pra subi fiz tanta força que minha calça rasgou.
- O que? Não faz mal! Ela rasgou em defesa da minha luta tenaz. Se eu for eleito, Zé Gavião,
novas calças tu terás. E lhe darei calças novas, não uma rasgada atrás.
Eis aqui, meus senhores, ombro a ombro comigo um homem simples do povo, mas que estimo
como amigo. Zé Gavião, diga com franqueza, pra todos esses nobres senhores.
Trouxeste lá da fazenda dois caminhões de eleitores?
- Não. O Sr. tá enganado. Eu trouxe dois caminhão, mas foi de batata doce, ovo choco e mamão.
Pra atira na sua cara seu Pereira tubarão.
- Zé gavião, você está louco, assim você me arrasa!
- É isso mesmo. O senhor se lembra quando eu tive em sua casa? Disse que não me conhecia,
Encheu-me de desaforo, bateu- me a porta no rosto como se eu fosse um cachorro!
- Não, Zé Gavião, eu explico, é que eu estava ocupado, com visitas em minha casa.
gente de bem, deputados, se eles me vissem conversando com um caboclo rude assim, ficava feio pra mim!
- Ah, seu pilantra. E por quê, agorinha o senhor falou que estava de ombro a ombro com os homem trabalhador?
Só pra pegá nosso voto e enganar nós outra vez? Mas vou te falar uma coisa. Aqui acabou seu freguês!
Tu se lembra que eu jurei de um dia me vingá?. Pois hoje chegou o dia de conta nós acertá
Caboclada, vocês estão prontos pra batalha começar? Prepara os ovo e tomate, capricha pra não errá. Atire mesmo na cara na hora que eu abaixá. Caboclada, vocês estão prontos? Então vamo nele, vai , já...
- Corre, Dr. Pereira. Tu vai tê que se lavá, três dia com creolina para a catinga tirá.
Não volte mais pro sertão, estamos cheios de promessa! O povo de Caneleira não vai mais na sua conversa.
Ah! agora tô satisfeito! E falo de coração, se em cada vila tivesse três ou quatro Zé Gavião,
garanto que em pouco tempo nós endireitava o sertão.