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UMA LUZ NA ESCURIDÃO
(composta em 27/02/1962)
toada

                                                               (José Fortuna)

O Zezinho aviador ao sofrer um acidente
Ficou cego para sempre na eterna escuridão
Compreendeu que nunca mais voaria sobre as nuvens
Bem pertinho das estrelas no azul da imensidão
Sua noiva o consolava e dizia que o amava
E nas trevas da cegueira nunca o deixaria só
Mas o moço não queria ser amado por piedade
Pois sabia que agora ela dele tinha dó

Ele pensou em matar-se e pediu pra sua noiva
Levá-lo até o campo para perto do avião
Ao tocar no aparelho sem que a noiva percebesse
Ele entrou na cabine com a firme decisão
O avião estava na pista ele ligou os motores
Qual um raio a moça viu o aparelho decolar
Lá se foi dentro da noite esperando só o momento
De bater numa montanha pra sua vida terminar

Sua noiva em desespero lá da torre de comando
Pelo rádio do avião pode a voz do noivo ouvir:
- minha amada, me perdoa, eu não pude mais viver
- vou voando para a morte, não sei onde vou cair
Foi a última palavra quando ouviram um estrondo
E lá longe na montanha, todos viram um clarão
Foi o fim de um grande amor e naquela noite triste
Só restou daquele drama uma luz na escuridão