TREM BOIADEIRO
(composta em 02/01/1982)
(José Fortuna)
Bem antes de existirem os caminhões gaiola
Cruzando mil caminhos, vindo do sertão
Era o trem boiadeiro que apanhava o gado
Nas rústicas seringas junto a estação
Boiadas que chegavam de vários estados
Rio Grande, Mato Grosso, Paraná e Goiás
Até os grande centros seu ponto de embarque
Parece que foi ontem e tanto tempo faz
Adeus trem boiadeiro, não te vejo mais
Cortando campo verde, serra e pantanais
E quando o trem saía toda a peonada
Seguia a galope acenando a mão
O último vagão levava o fazendeiro
Pra trazer o dinheiro da embarcação
Depois a tropa toda pro sertão voltava
A tralha, o cargueiro, laço e gibão
Traziam a saudade da mulher e filhos
E cheio de saudade o trem do coração
Longe ficou o apito do trem boiadeiro
Na curva do destino que o progresso fez
Vaqueiro hoje diz a galopar no tempo
Que bom se aquele tempo voltasse outra vez
Fumaça se fez nuvem e pelo céu subiu
Formando uma boiada branca de algodão
Seguindo pelo espaço até a estação da lua
Pra embarcar no trem azul da imensidão