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TESTAMENTO DE POETA
(composta em 13/11/1981)

                                                                              (José Fortuna)

Sou um poeta que deu mais cores à vida
Serei lembrado só depois que eu for embora
Quantos que ao lerem estes meus versos se arrependem
Não ter comigo contemplado a luz da aurora
Verão que eu tinha mil razões quando ficava
Admirando uma pétala de rosa
E a garça branca a voar beirando o lago
Arrepiando suas águas preguiçosas

Meu testamento é uma prova de pobreza
Pois minha maior riqueza
Foi poder falar com a flor
Você ingrata, não quis pôr como lembrança
Sua rosa de esperança
No buquê do nosso amor

Você que sempre me negou os seus carinhos
Será a herdeira principal de minha herança
Vou lhe deixar todo o meu pranto de saudade
E o punhal do nosso adeus como lembrança
Noites de insônia que você presenteou
A minha mente de poeta alucinado
No testamento vou pedir que lhe devolvam
Com correção, multas e juros redobrados