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TELHAS DA VELHICE
(composta em 18/05/1980)

                                                               (José Fortuna)

Mamãe o teu rosto cansado da idade, coberto de rugas
Parece um telhado na casa do tempo que a vida cobriu
Embaixo agazalha a alma mais pura, o amor mais sincero
Coração materno pulsando sozinho num peito vazio
Pregas sobre pregas são como se fossem telhas da velhice
Por onde desliza o seu pranto triste silenciosamente
São chuvas da alma sobre a cobertura pálida do rosto
Sempre que sozinha num cantinho chora pelo filho ausente

O temporal da vida
De seus olhos sem brilho
Derrama pelo filho
As lágrimas de dor
Escorrem sobre as rugas
As telhas da velhice
Da pobre mãe que existe
Enquanto existe amor

Muitas dessas rugas, telhas da velhice que seu rosto cobrem
Fui eu mamãezinha que lhe dei por tantas mágoas e cansaço
Sei que cada ruga foi uma saudade de uma longa espera
Espera do filho que igual pirilampo se apagou no espaço
No banco do tempo sentadinha espera o grande chamado
Enquanto o telhado de rugas lhe cobrem o rosto velhinho
Porque deste tanto e em troca tão pouco ganhaste da vida
Talvez um asilo recolha seus restos no fim do caminho