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SILÊNCIO DO BERRANTEIRO
                                                               (José Fortuna/Carlos Cezar - grav. Pedro Bento e Zé da Estrada)

Junto à casinha no estradão que um dia, um boiadeiro preso ali ficou
Pelos carinhos da mulher amada e o seu berrante nunca mais tocou.
Lá encontrei uma mulher sozinha quis saber dela o que se passou
Mandou sentar-me para ouvir seu drama, do companheiro assim me falou:

Ele morreu e prosseguiu viagem na estrada longa que ao céu conduz
Hoje as estrelas são sua boiada no azul dos campos da infinita luz.
Ainda hoje vejo da janela lá no estradão boiadas a passar
Como a boiada longa dos meus anos dentro de mim a passos caminhar

Amigos seus às vezes me perguntam por onde anda o velho boiadeiro
A todos digo:  ouçam o som do vento e traz do além a voz do berranteiro
“Aqui estou meus velhos companheiros, olhem pra cima pra me ver passando
Em meu cavalo Raio de Luar pelo estradão de estrelas galopando
O meu berrante hoje são trombetas que os anjos tocam chamando a boiada
De nuvens brancas no sertão do espaço, vindo ao curral azul da madrugada”.