SEUS OLHOS
cururu (José Fortuna - grav. Vieira e Vieirinha)
Seus olhos são dois faróis na noite de minha vida, ai,
que clareia a solidão, ai, ai, da minha estrada comprida
de cada pranto que cai é uma gota desprendida
dos dois lagos divinais, ai, ai, que são seus olhos, querida.
Na brancura de seu rosto, seus olhos brilham demais, ai,
sorrindo são dois diamantes, ai, ai, chorando são dois cristais
quando me olham de perto, seus olhos são dois punhais
dois abismos onde vou, ai, ai, sepultar meus funerais.
Às vez quando eu olho o céu, pergunto à lua distante, ai,
de onde deixou cair, ai, ai, duas estrelas brilhantes
até a lua tem ciúme, de seus olhos cativantes,
brilha mais os olhos seus, ai, ai do que os astros radiantes.
Sob as negras sobrancelhas seus olhos tem o fulgor, ai,
de dois pequeninos ninhos, ai, ai, com dois meigos beija-flor
seus olhos são as janelas por onde entra o amor
no coração magoado, ai, ai, faz o seu ninho de dor.