SERTÃO
(José Fortuna/Paraíso – grav. João Paulo e Daniel)
Ser sertão, não é só ser mata virgem,
é ser pedra de barrancos corroídos,
é ser corpo de um gigante adormecido,
que dos velhos ancestrais perdeu a origem
Ser sertão é ser lar da natureza,
onde flores e animais se agasalham,
É ser campo a estender verde toalha
Quando a lua para os filhos serve a mesa
- É preciso se fazer parte do chão
- Pra se sentir ser tão "SERTÃO".
Ser sertão é emprestar seu corpo agreste,
para ser retalhado por caminhos,
borboletas nas barrancas dos riozinhos
Quando o céu de azul todo se veste
É orquestra de insetos e cascatas,
é o vento que embalança a cabeleira,
é o ninho, moradia derradeira
da estrela que se perde sobre as matas
- É preciso se fazer parte do chão
- Pra se sentir ser tão "SERTÃO".
Ser sertão é cipó entrelaçando
O frondoso tronco velho da paineira,
é a rolinha a chamar a companheira
é o gavião a cantar de quando em quando
é a onça com seus olhos de candeia,
no mistério silencioso do descanso,
é o gostoso sussurrar do vento manso
Sobre o berço onde dorme a lua cheia
- É preciso se fazer parte do chão
- Pra se sentir ser tão "SERTÃO".