RESTO DE NEBLINA
(composta em 28/03/1980)
(José Fortuna)
Um resto de neblina
É um lencinho branco
A enchugar o pranto
Nos olhos da manhã
É o véu que a madrugada
Jogou feito poeira
Por sobre a cabeleira
Da natureza irmã
Na calma solidão dos vales
Na curva da montanha enorme
É o leito nupcial da noite
Colchão onde a neblina dorme
O branco da neblina lembra
De noiva meu amor vestida
Se o branco é sinal de paz
Porque não tenho paz na vida
A lua no poente morre
A estrela d´alva sai na serra
E a faixa branca de neblina
Começa a se espalhar na terra
Igual o branco que meu bem
Vestiu na triste despedida
Se o branco é sinal de paz
Porque não tenho paz na vida