RELÓGIO DE PONTO
(composta em 26/03/1980)
(José Fortuna - Carlos Cezar – grav. Os Gladiadores)
Nos cansamos demais um do outro
Tenho horror ao batom de seus beijos
Meus abraços lhe causam revolta
Seu calor não acende desejos
E após nosso amor sem motivo
Que obedece uma data mensal
Enjoados sentimos apenas
Ter cumprido a missão de um casal
Com a outra sou bem diferente
Basta eu tocar-lhe nas mãos
Pra sentir um vulcão de desejos
Explodindo no meu coração
O amor não é relógio de ponto
Que se marca porque chegou a hora
O amor só é bom se acontece
Sem pensar quanto tempo demora
É melhor pra você que uma outra
Venha pôr no meu peito calor
Só pensando na amante consigo
Terminar nosso ato de amor
E quem sabe se em sua memória
Não ocorra este mesmo castigo
Assistindo aos galãs de novelas
Pra depois vir deitar-se comigo
Coloquemos as cartas na mesa
E assumimos a dura verdade
É melhor separar-nos porque
Entre nós não há felicidade
Estou vivendo um cruel dilema
É um triste problema sem solução
Quem eu tanto amo é comprometida
Entreguei-lhe a vida e meu coração
Também sou casado e amar eu não posso
Só tenho sofrido uma dor danada
Com quem eu vivo não me sinto bem
Mas quem eu amo vive com alguém
E também por ele ela não sente nada
Quantos casais vivem esse drama
Dormem numa cama sem motivação
Praticam o ato do amor e pronto
Como se fosse relógio de ponto
Que a gente marca por obrigação