PEDÁGIO DA VIDA
(composta em 27/05/1982)
(José Fortuna – Mairiporã)
Pra vida ir em frente na estrada do mundo
A cada segundo temos que pagar
O imperdoável pedágio da vida
Única saída pra gente passar
E com o destino não existe trapaça
Ou paga ou não passa, não adianta gemer
E o contribuinte com cara de espanto
Compreende o quanto sai caro viver
Paga pra sorrir, paga pra sofrer
Paga pra viver, paga pra chorar
E a registradora do pedágio mudo
Vai marcando tudo para nos cobrar
Se do nada viemos, para o nada vamos
Por aqui passamos com pesada carga
No trecho do mundo o mais lamacento
Mas sem pagamento o pedágio embarga
O guarda-destino com toda arrogância
Percebe a distância, a gente chegando
Em sua guarita ao longo da viagem
A nossa bagagem vai fiscalizando
No ventre da mãe já damos despesa
Depois que dureza é a nossa jornada
Pagamos pra tudo, com medo freqüente
Que o carro arrebente no meio da estrada
Logo ao nascimento o gasto começa
E chega depressa o primeiro bicão
Tem taxa pra tudo, é aquela agonia!
Pra manter em dia nossa obrigação
Para o ferro velho, no fim é guinchado
E ali é cobrado a taxa mais forte
Como é a derradeira despesa que sobra
O mundo nos cobra o pedágio da morte