OS INSENSÍVEIS
(composta em 05/05/1981)
(José Fortuna – Paraíso – grav. Roberta Miranda)
De insensíveis este mundo está repleto
Tem gente que passa perto de uma rosa sem olhar
Não ouve o canto do sertão fazendo festa
Não vê cores na floresta nem belezas no luar
E nem percebe que a gôta de orvalho
Tremulando cai do galho quando Deus determinar
Estes pertencem à legião dos insensíveis
Tantas belezas visíveis, não sabem admirar
Mar, mande a voz pra despertar quem está dormindo
Sol, astro-rei derrame a luz que o chão clareia
Céu, mande a cor para que os olhos dessa gente
Possam enchergar que somos simples grãos de areia
Eu tenho pena de quem pisa o chão do mundo
Sem saber quanto é profundo o motivo de existir
Sem contemplar o pôr-do-sol atrás da mata
O barulho da cascata sobre as pedras a cair
Feliz daquele que tem sensibilidade
Pra entender que a saudade é o caminho pra voltar
Para encontrar no galopar do pensamento
Nos confins do firmamento, a morada do luar