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ONDE ANDA O CANOEIRO
(composta em 03/12/1980)

 

                                                               (José Fortuna – Jair Sanches)

Onde está o canoeiro
Que pescava na lagoa
A poluição dos rios
Queimou todas as tabôas
Passarinhos já não cantam – ai, ai
Garça branca já não voa

Os peixinhos já morreram
Borboletas foram embora
Com a vinda do progresso
O ânimo se apavora
A fonte parece os olhos – ai, ai
Da natureza que chora

Hoje o lago se parece
Espelho sem claridade
Porque o óleo das indústrias
Que chegou lá da cidade
Espantou vidas agrestes – ai, ai
Que viviam em liberdade

O rio está poluído
Já não tem mais poesia
O progresso levou embora
Toda beleza que havia
Canoeiro só reclama – ai, ai
Acabou-se a pescaria

Onde está o canoeiro
Hoje chora de tristeza
Quando vê o seu passado
Se arrastar na correnteza
E a canoa apodrecendo – ai, ai
No barranco sempre presa