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O TRENZINHO DA VIDA

recortado

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

Nossa vida é um trem de ferro os dias são os dormentes
que suportam todo o peso de nosso padecimento
o destino é o maquinista, o amor é folhas ao vento
o esquecimento é a fumaça, que fica quando o trem passa, rodando prá vida a dentro.

Na estaçãozinha da infância é que o trem dá a partida
carregado de inocência, na linda aurora da vida
da janela da existência se vê as campinas floridas
o trem só corre no plano e vai até os quinze anos sem nunca encontrar subida.

Na estação da mocidade que é a idade de amar
tem muitas moças querendo junto com a gente embarcar
só uma segue viagem destino a estação final
e depois de cada filho, é mais um vagão no trilho, que a gente tem que arrastar.

Daí por diante o trenzinho, fica mais lento e pesado
lotado de compromisso tem que subir o serrado
os campos beirando a linha ficam feio e desfolhado
é o carrascal da velhice, bem distante da planície, que ficou lá no passado.

A estação de chegada é velha e enegrecida
é onde o trenzinho pára, da viagem percorrida
nossa carga de pecado, lá no fim é conferida
quando a bagagem pesada, for toda descarregada, na estação do fim da vida.