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O RASTRO DO CARREIRO
(composta em 19/01/1981)

                                                               (José Fortuna)

Depois do chuvisqueiro
Na estrada de areião
O rastro do carreiro
Deixa o sinal no chão
Dois riscos tão compridos
Pelo estradão sem fim
Igual os desenganos
Que o carro de meus anos
Deixou dentro de mim

O rastro do carreiro
Por sobre pedra e pó
Desde o seu nascimento
Até o fim da vida
Só deixa um risco só

Você meu velho carro
Das rodas carcomidas
De tanto ter rodado
Na estrada desta vida
Também eu vim rodando
Por chão de meu passado
Por brenhas que ficaram
Por trilhos que cruzaram
Meu ser abandonado

Os rastros seus terminam
Só quando apodrecer
O carro de meus anos
No chão de meu viver
Também veio pesado
De sofrimento e dor
Nunca ficou vazio
Mas só não conseguiu
A carga do amor