O PUNHAL E A CRUZ
toada
(José Fortuna – Pitangueira - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)
Num túmulo onde se lia “Dorme em paz minha Teresa”
vi um homem ajoelhado, soluçando de tristeza
pelos seus trajes, seus modos, despertou minha atenção
parecia ser um Padre, com um rosário na mão
ele vendo meu espanto na hora se levantou
com os olhos rasos de pranto para mim assim falou:
Já fui Padre há tempo passado, foi por mim que Teresa morreu
e por isso eu deixei a batina, porque achei que o culpado fui eu
não tivesse o punhal devolvido, o punhal que marcou nosso fim
a Teresa não tinha morrido, e estaria mais perto de mim
Aprendi que o vigário só deve entregar sua vida a Jesus
esquecer por completo o passado e seguir só o caminho da cruz
não podendo esquecer a Teresa, de ser Padre também desisti
não podia viver numa igreja só pensando no amor que perdi
Com aquele punhal da vingança eu mandei construir esta cruz
que há de sempre seguir os meus passos, nos meu tristes caminhos sem luz
sempre venho rezar nesta tumba, e pedir ao divino Senhor
que receba no reino do céu, a Teresa meu primeiro amor.