O PILÃO
(José Fortuna)
Eu não sei porque parecia ter mais gosto, o arroz batido no pilão de Guarantã
Eu não sei se foi pela saudade da distância que separa o hoje entre o ontem e o amanhã
Eu bem me recordo, mamãezinha de avental, abanando as cascas e depois, que cheiro bom
Quando da panela lá da roça se sentia, aquele cheirinho com gostinho de sertão.
Igual as batidas daquele pilão, hoje em meu peito bate triste um coração
Foi a paciência de meu pai com seu machado, que um velho tronco num pilão o transformou
E depois mamãe com a peneira do passado, no vento do tempo quantas coisas abanou
Lá ficou batido pedacinhos de saudade, que são abanadas na peneira da ilusão
Ilusão, porque não volta. mais aqueles dias, dias que restaram no fundinho do pilão.