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O PAIOL
(composta em 23/01/1982)

                                                               (José Fortuna)

Quando a geada acabou
Com a fazenda São Mateus
Toda casa de tijolos
O fazendeiro vendeu
Só o paiol que era de barro
No lugar permaneceu
Como um vulto lá  no meio
Do capinzal que cresceu

Paiol que guarda
Os meus lamentos
Tão pequenino por fora
Tão espaçoso por dentro

Suportou chuva de pranto
E a força do minuano
Guardou colheita do tempo
E a tempestade dos anos
Guardou suor do trabalho
De uma existência de luta
Guardou saudades e prantos
No meio da mata bruta

Meu paiol tão pequenino
Onde coube tanto amor
Gorjear de corruíras
E ninhos de beija-flor
Por cima de sua palha
Que lindas tardes aquelas
Quantas vezes minha vida
Esqueci nos braços dela