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O ITALIANO LEILOEIRO

xote

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

Sempre que havia uma festança no arraiá o italiano leiloeiro não faltava na função,
lá no coreto, entre patos e galinhas italiano leiloeiro dava início no leilão:
- Quanto me dão pelo bode fedorento?
- Dois contos de réis.
- Dois contos de réis, dou-lhe uma...
Conforme a cara e a coragem do freguês, ele gritava dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.

Até a Sunta, a mulher do italiano ofereceu uma porca pro marido leiloar
e o italiano abraçado com a porca, lá de cima do coreto não parava de gritar
- Quanto me dão pela porca da minha muié?
- Três contos de réis.
- Três contos de réis, dou-lhe uma...
Conforme a cara e a coragem do freguês, ele gritava dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.

Ele ensinou um papagaio a falar, pra quando chegasse a festa botar ele no leilão
E o papagaio só falava “porco bóia!” e o italiano leiloava segurando ele na mão
- Quanto me dão pelo papagaio que fala “porco bóia!”?
- Quinhentos merréis.
- Quinhentos merréis, dou-lhe uma...
Conforme a cara e a coragem do freguês, ele gritava dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.

Lá no coreto tinha patos e marrecos e também uma galinha oferta da dona Rosa
e o italiano leiloando se esforçava para ver se arrematava a danada da penosa
- Quanto me dão pela galinha que bota quatro ovos por dia?
- Oitocentos merréis.
- Oitocentos merréis, dou-lhe uma...
Conforme a cara e a coragem do freguês, ele gritava dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.