O HOMEM D’ÁGUA
(dialeto caipira)
cateretê (José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)
No Rio Paranapanema, ai, ai, a notícia esparramô
que havia um homem d’água, ai, ai, perseguindo os pescadô
fui pescar naquele rio, ai, ai, depois que o galo cantô
no céu a lua brilhava e nas águas mostrava seu lindo esplendor.
De repente eu escutei , ai, ai, bem distante um assobio
e na planície das águas, ai, ai, vi quando o homem surgiu
tinha só um olho na testa, ai, ai, barbudo que nem bugio
mergulhou para o meu lado e no rio prateado de novo sumiu.
Quis fugir mas lá na proa, ai, ai, o homem d’água pôs a mão
para virar a canoa, ai, ai, mas com um golpe de facão
cortei sua mão peluda, ai, ai, foi a minha salvação
o homem d’água fugiu deixando sobre o rio de sangue um vermelhão.
No Rio Paranapanema, ai, ai, nunca mais voltei pescá
e aconselho os pescador, ai, ai, pra consigo carregá
um facão de aço puro, ai, ai, pra dos perigo livrá
patuá com reza braba, porque o homem d’água tá morando lá.