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O ENCERADO
(composta em 28/02/1982)

                                                               (JOSÉ FORTUNA - NIVALDO FERREIRA - grav. Cesar Nogueira e Talismã)

Debaixo do encerado que a carreta cobre
Carrego meu cansaço e gotas de suor
Eu sou caminhoneiro e por onde passo
As curvas das estradas eu já sei de cor
Carrego mil pedidos pra que eu volte logo
E muitas esperanças de um Brasil melhor
Bandeira do progresso atravessando campos
Que faz longa distância se tornar menor

As dobras do encerado
Protegem-me das chuvas
Do sol e do mormasso inteiro do verão
Para o sertão eu levo
Produtos da cidade
E trago pra cidade os frutos do sertão

Os nós e a longa corda que nos ganchos prendem
Comparo às estradas curvas do sertão
As cordas são lembranças presas na distância
No gancho da saudade de meu coração
O céu a me cobrir é o encerado azul
Por sobre meu destino, velho caminhão
Cruzando o sertão do chão de minha vida
Cortado de saudade, mágoa e solidão