O CIRCO
(marcha)
(José Fortuna)
Recordo com saudade minha infância no interior
De quando vinha o circo na cidade onde nasci
Palhaços pelas ruas de bengalas a desfilar
Faz tempo, mas ainda não esqueci
Cachorros amestrados e elefantes a bailar
Um mundo de atrações a despontar dos camarins
Ao som de uma bandinha, um dobrado a tocar
Todos numa só voz dizendo assim:
Todos queremos
Ver o palhaço
No picadeiro saltar e correr
Aquele tempo
Ficou distante
Mas não consigo do circo esquecer
Anões, malabaristas e trapezistas a voar
Arrancando aplausos e suspense das gerais
Da linda equilibrista que uma foto me ofertou
Eu juro não esqueço nunca mais
Crianças que vendiam pirulito a dez tostões
Na frente as barraquinhas de pipoca e amendoim
E toda a garotada entre palmas a gritar
Felizes a sorrir diziam assim:
Todos queremos
Ver o palhaço...
E hoje triste e só no picadeiro desta vida
O mundo para mim é um grande circo de ilusão
Como aquele palhaço também tenho que fingir
Sorrir trazendo em pranto o meu coração
Meus dias tão vazios são uma platéia sem ninguém
O tempo é a bandinha que me arrasta para o fim
Parece que ainda ouço no passado a multidão
Felizes a sorrir dizendo assim:
Todos queremos
Ver o palhaço...