O BARQUEIRO
(composta em 24/09/1981)
(José Fortuna)
É pena que não existe mais
As barcas sobre os grandes rios
Porque o desenvolvimento
Pontes de cimento hoje construiu
Me lembro como era bom
Cruzar as águas devagar
Admirando a natureza
Vendo a correnteza, flores carregar
Hoje o rio de minha mágoa
Cruza o campo da paixão
Onde só saudade existe
É o barqueiro triste
É meu coração
Quando bem cedinho um bem-te-vi
Pousava sobre um guarantã
Se ouvia o canto do barqueiro
Sempre o primeiro vulto da manhã
Corpo queimado pelo sol
Rosto molhado de suor
Nosso barqueiro sem saber
Ajudou fazer nosso Brasil maior
Era bonito a gente ver
O pôr-do-sol por sobre o rio
Ensangüentando as águas calmas
Qual balão em chamas
Que do céu caiu
Coberto da cabeça aos pés
Pela poeira dos sertões
Peões faziam a travessia
Porque não havia
Ponte e caminhões