NO DECOTE DO HORIZONTE
(composta em 24/08/1980)
(José Fortuna- J. dos Santos)
No decote do horizonte
Eu vejo o seio da lua
Em todo lugar eu vejo
As coisas que foram suas
Vejo no alto da serra
Um ipê todo florido
Amarelo cor de ouro
Como a cor do seu vestido
Eu vejo rastros na areia
De você que foi embora
Vejo seu rosto sorrindo
No alegre raiar da aurora
E fico todas as noites
Esperando que desponte
O claro seio da lua
No decote do horizonte
Vejo o riozinho chorando
No seu roteiro sem fim
Como o pranto de seus olhos
Quando choravam por mim
Vejo a faixa de neblina
Parecendo uma cintura
Apertando seu corpinho
Pra lhe dar mais formosura
Vejo seu rosto espelhando
Na clara água da fonte
E vejo o seio da lua
No decote do horizonte
Vejo na copa das matas
Que a brisa calma balança
Caindo sobre seus ombros
Os seus cabelos de trança
As montanhas são seus seios
Os braços são as baixadas
Como um grande corpo virgem
Da natureza deitada
E sempre há de ser assim
É hoje e também foi ontem
Sempre a lua despontando
No decote do horizonte