MENINO CATIREIRO
(composta em 28/02/1982)
(José Fortuna)
Sou filho de catireiro, nisto puxei a meu pai
Tô sempre do lado dele em todo lugar que vai
Só o som de uma viola num catira me distrai
Apesar de eu ser menino gosto do lari-larai
Aonde danço catira povo ta firme e não sai
Gosto de ver o reboque da parede quando cai
Eu já quebrei folgazão e já venci festivais
Sapatão soltou os pregos nem a sola não tem mais
Para marcar um catira o meu pai não pôde ir
Pediu que eu fosse sozinho para substituir
Quando eu cheguei lá na festa o povo pegou a rir
Eu falei: formem seus pares que é para não confundir
Violeiro pegue a viola e faça a corda tinir
Aquele que não for forte é melhor já desistir
Porque nós vamos parar só depois que o sol sair
Quero ver tábua quebrar, quero ver telha cair
Eu gritei pros catireiros: sigam minha marcação
No sapateio dos pés e no palmeio das mãos
Só parei com o catira quando afundou o salão
Gente que entrou pela porta já saiu pelo porão
Um gato que era branco ficou preto igual carvão
Porque têve que fugir pra chaminé do fogão
Com os pés cheios de bolhas e muitos calos nas mãos
Eu deixei os catireiros sem sola no sapatão