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MARIA DAS DORES

valseado

(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)

Maria das Dores, cabocla bonita
Sofria calada, por ter essa cor
Pois ela era o fruto do amor proibido
Da mãe uma escrava com o branco feitor
E a linda mulata sentia vergonha
Que seus namorados viessem saber
Que a mãe era preta, por isso fugiu
Deixando a mãezinha sozinha a sofrer.

E a pobre velhinha saiu a procura
Da filha querida que tanta ela amou
E após muitos anos dali bem distante
No altar se casando a filha encontrou
E quando ela disse ser mãe de Maria
O povo sorrindo não acreditou
Ao ver sua filha dois prantos rolaram
E dentro da igreja sem vida tombou.

Maria mentiu que não era filha
Daquela velhinha já morta no chão
O padre responde .: se fosse sua mãe
Devia abraçá-la e pedir-lhe perdão
Porque nossas almas são todas branquinhas
E Deus para o céu a todas conduz
E nisso uma pomba de asas tão brancas
Entrou na igreja pousando na cruz.

A noiva lembrando as frases do padre
e vendo a pombinha pousada no altar
Pensou ser a alma de sua mãezinha
E ali de joelhos se pôs a chorar
Enquanto dizia perdão mamãezinha
A branca pombinha em seu ombro pousou
Como se ela fosse a alma da mãe
Que o erro da filha do céu perdoou.