JORNADA DA VIDA
poema
(José Fortuna)
Amanhece!É uma vida despertando,
olhando rostos, paredes , sem saber como nem quando
uns nascem em berços fofinhos, outros pobres iguais Jesus
mas, bem ou mal é uma vida, que vê a primeira luz.
É uma criança que sai da eterna noite do nada,
e vai empreender na vida sua longa caminhada
e começa lentamente a sua grande subida
pelos degraus sempre incertos, da enorme escada da vida.
Chega-se aos sete anos, é quando se começa a viver
é a idade do descobrir, é a idade do saber
e agora já de pé ela vê em sua frente
atalhos, sombras, clareiras, mil caminhos diferentes
É claro que quase todos preferem o mais perfumado,
oferece mais conforto e muito menos cuidado,
sem saber que ali na frente talvez ela encontrará,
o abismo da derrota que em breve a destruirá.
Mas a vida continua e prossegue a caminhada
pelas estradas da vida tão cheias de encruzilhadas
chega-se aos catorze anos, e começa nesta idade
as primeiras ilusões, quanta luminosidade!
É a juventude, e cada dia é uma rosa colhida
do ramo verde da esperança no lindo jardim da vida.
Vinte anos. Quantas luzes! tudo é belo, tudo é flor
quantos sonhos, quantos planos, é a idade do amor!
E agora, daqui do alto pra vocês, jovens, eu falo
se acharem que estou errado, podem dizer, eu me calo
vocês notaram por quê é que justamente agora
quando mais se deveria sorrir, é que mais a gente chora?
E sabem por que?Porque agora somos obrigados a seguir
o coração que se deixa tão facilmente iludir
Risos e prantos se juntam nesta etapa da vida,
mas passa a fase do sonho e principia a descida.
Agora o sol da existência pouco a pouco escurece,
Por que os maiores problemas só agora aparecem?
- Filhos, trabalho, labuta, planos que falham, cansaço
corpo alquebrado de lutas e o medo do fracasso.
Surgem as primeiras rugas, é o primeiro sinal
da velhice que vem vindo em seu roteiro fatal,
corre-se logo aos cosméticos, com aquele medo terrível,
pra estancar aquela fenda, como se fosse possível
Mas não é! Ninguém consegue estancar uma represa que estoura
,
Marca o relógio do tempo o longo passar das horas,
E a descida continua, vem os netos pelos trilhos
cruzados ao longo dos tempos, por nós e por nossos filhos
Agora chegou a hora de olhar para o passado
e dizer: será que a vida é só isso? será que eu
soube viver?
E quase sempre, quase todos arrependem-se no fim
Ah, porque fui fazer aquilo? ah, se eu tivesse agido assim?
Então senta-se alquebrado, curvado ao peso dos anos,
é o sol da vida nas nuvens da velhice se apagando.
A idéia já não consegue ter certeza se estas cenas
que ele viu foram reais, ou foi um sonho apenas
É a jornada terminando
é a noite eterna que desce
sobre uma vida se apagando
é o fim... é a morte... escurece...