GERAÇÃO DE BOIADEIRO
(José Fortuna/Carlos Cezar – grav. Matogrosso e Mathias)
Já vem do tempo do vovô, o gosto pelo vaquejar
Desejos de ouvir distante, choro de berrantes, no estradão passar
Enquanto descansava o gado, fazia um fogo pra esquentar
E em volta todos os peões, a soluçar canções, em
noites de luar.
Meu pai aprendeu seguindo, meu avô pelos sertões
E hoje sigo os mesmos passos, porque sou pedaço, de três gerações.
Sinais eu encontrei no chão, do tempo que bem longe vai
E vem dos anos percorridos, até meus ouvidos, gritos de meu pai
Num galho seco e torto eu vi, a forma que um berrante tem
Parece que o tempo parou, onde meu pai ficou, ele ficou também.
Beirando estradas dos sertões, restaram só alguns sinais
Botões já se fizeram flores, ganhou novas cores, velhos matagais
Menino hoje meu filho é, menino por aqui passei
a ele vou deixar a herança, que quando criança, de meu pai herdei.
Cipó que acompanha o pau, ou pó que sai do mesmo chão
E vim o mesmo sol seguindo, pelos campos lindos, da recordação
Semente no passado fui, mas hoje sou também raiz
Pra encontrar a minha origem, sobre a terra virgem, em sertão me fiz.