FLOR DE IPÊ (Violão de ipê)
(composta em 01/10/1958)
(cururu – dialeto caipira)
(José Fortuna)
Este meu violão já foi no sertão
Um galho de ipê
Onde os bem-te-vis gorjeavam ali
No amanhecer
Hoje é um violão que mata a paixão
Que está dentro de mim
E porisso eu vou, pra esquecer a dor
Ponteando assim:
Suas cordas dão melodioso som
Que me faz chorar
Violão de ipê, com meu bem querer
Me faz recordar
Quero me esconder pro meu bem eu ver
Passear no jardim
E pra ela então, neste violão
Vou ponteando assim:
Violão de ipê
Somente você
Pode ouvir meus ais
Porque meu amor
Me abandonou
E não volta mais
Quando eu morrer
Eu quero você
Pra assistir meu fim
Porisso até lá
Vou te judiar
Ponteando assim:
Onde eu repousar
Peço pra deixar
Sobre o corpo meu
Este violão
Que consolação
Na vida me deu
Ele me conduz
E há de ser a cruz
Depois de meu fim
Meu violão de ipê
Enquanto eu viver
Vou ponteando assim: