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FINADOS


poema

(José Fortuna)

Finados, silêncio, paz, flores murchando ao relento
O tilintar das coroas, ao leve roçar do vento
No cemitério se nota, doce paz de esquecimento

Aqui, uma cruz pequena, onde se lê: "Margarida"
Junto a cruz uma mulher, toda de luto vestida
É uma pobre mãe que chora sua filhinha querida.

Ali, num túmulo se 1ê, um verso, onde diz: "saudade
de seus filhos, de seus netos, mãe de infinita bondade
que aqui pra sempre repousa o sono da eternidade".

Mais adiante uma moça, com triste expressão de dor
Sobre um túmulo de mármore, deposita uma flor
Para seu noivo que foi, seu grande e único amor.

Mais adiante alguém procura, num túmulo abandonado
O nome de algum parente, com o tempo quase apagado
Só na data se percebe, que há tempos foi sepultado.

Vi uma cruz abandonada, sem uma flor, sem ninguém
Quem será que dorme ali? - Talvez deva ser alguém
que do mundo onde partiu, parente ou amigo não tem.

Tudo é expressão de saudade, entre soluços e ais
São pais que choram seus filhos, filhos que choram seus pais
Amigos que já se foram, parentes que não vem mais.

Velas queimando ao sol, túmulos esfumaçados
Cheiro de flores murchando, tudo lembrando o passado
Assim eu vi um cemitério, numa tarde de finados.

Depois a noite caiu, todos foram se afastando
Voltou a paz sobre a campa, e ali só ficou morando
Os curiangos da noite, a piar de quando em quando.

Deixe que eles durmam em paz, o sono da eternidade
Longe da guerra e do ódio, do orgulho e da falsidade
E tenham pra seu descanso, silêncio, paz e saudade.