FANTASIA DE CARNAVAL
arrasta-pé
(José Fortuna - grav. Zé Fortuna e Pitangueira)
Preparei as fantasias pra brincar no carnaval
quis me fantasiar de poste pra ninguém desconfiar.
Depois eu pensei: de poste não dá, porque um cachorro
pode se enganá e vir pro meu lado querendo encostar
que baita friagem que eu ia tomar...
Fantasia de galinha tinha feito pra usar
mas depois estive pensando nas galinhas pra suar
Se alguém me agarrasse pra me cozinhar
botava eu na água pra me depenar.
Pior se eu cismasse de um ovo chocar
ficava no ninho até enferrujar
Quis me fantasiar de vaca para o povo eu assustar
os cordões carnavalescos eu queria avacalhar
Depois eu pensei, de vaca não dá
porque se um bezerro me visse por lá
pertinho de mim garrava berrar
e como eu fazia pra lhe consolar?
Eu pensei em fazer também fantasia de jornal
enrolado nos papéis eu saia passear
depois eu pensei: papel não vai dar
porque eu dançando garrava suar
o papel molhava pegava a rasgar
em traje de Adão, eu ia ficar...
Fantasia de mulata tinha mandado arrumar
Mas depois fiquei com medo
Se algum português por lá
Me visse dançando pegava encostar
Torcendo os bigodes que nem tamanduá
Depois se ele cisma querer me beijar
Que aperto danado que eu ia passar.