EXPRESSO BOIADEIRO
toada (José Fortuna/Carlos Cezar - grav. Carlos Cezar e Cristiano)
Soltem no pasto meu cavalo Ventania que atrás do gado me levou sertão a fora
e adquiri um caminhão de cem cavalos, do que já fui, bem mais feliz eu sou agora
o caminhão não cansa o gado e não me cansa, e ao fim da viagem pra chegar sou o primeiro
mesmo gastando combustível ainda compensa ser motorista de um expresso boiadeiro.
Fui no passado
um pioneiro
a cavalgar atrás do gado o ano inteiro
E hoje sou
caminhoneiro
a dirigir o meu expresso boiadeiro.
Antes tocava meu berrante pela estrada, hoje desperto meu sertão com a buzina
antes levava moça linda na garupa, hoje essa moça vai comigo na cabine
antes a onça com seus olhos clareava a noite escura envolvida na neblina
hoje o progresso colocou as faixas brancas e o rumo certo sobre a pista vira em tinta
Fui no passado
um pioneiro
a cavalgar atrás do gado o ano inteiro
E hoje sou
caminhoneiro
a dirigir o meu expresso boiadeiro.
Do ontem ao hoje dividido está o tempo que se formou na era da velocidade
e mesmo assim ao recordar do meu berrante, sinto no peito a dor gostosa da saudade
longas pousadas nos varjões ao pé do fogo, até parece do café sentir o cheiro
ouvindo histórias e violas ponteando, e quando acordo estou no expresso boiadeiro.
Fui no passado
um pioneiro
a cavalgar atrás do gado o ano inteiro
E hoje sou
caminhoneiro
a dirigir o meu expresso boiadeiro.