DUAS ESTRELAS
(composta em 09/05/1981)
(José Fortuna)
O teu retrato na cabeceira de minha cama
Junto de um vaso de flores brancas de meu jardim
Brancas e puras igual o branco do teu vestido
Naquele dia que tu querida juntou-se a mim
Também as quatro paredes brancas de nosso quarto
Viram teu corpo agonizando levar também
O nosso filho que desejamos mas nunca veio
Pois em teu ventre partiu contigo para o além
Foi nosso filho o assassino da própria mãe
Mas no infinito eu sei que ela o absolveu
No desespero de dar-lhe a vida perdeu a vida
E ele querendo ver tanto a vida, também morreu
Foi preferível que ele seguisse junto contigo
Para servir-lhe de companhia na imensidão
Pisando estrelas pelos caminhos de nuvens brancas
Enquanto eu piso longo caminho de solidão
A noite eu olho no firmamento e me pergunto
Serão aquelas duas estrelas no azul sem fim
Chorando eu peço: venham buscar-me por que desejo
Ter voces dois eternamente junto de mim