DE QUE ADIANTA
cateretê
(José Fortuna/Tião do Carro - grav. Zé Garoto e Timboré)
Você fugiu como o verão foge do outono, deixando em mim o triste
inverno da saudade
e abraçado a solidão estou vivendo sem rumo certo, sem espera
e sem verdade
de que adianta a lua cheia atrás dos montes pra quem não sabe
a natureza contemplar
de que adianta viver hoje se foi ontem que eu vi meu mundo de alegria se acabar
De que adianta contemplar os campos verdes
se o verde da esperança
no meu peito já secou
De que adianta aguardar pelo futuro
se o barquinho do presente
no passado naufragou
Só acha belo o alvorecer da primavera quem traz no peito a rosa da felicidade
só vê ternura na pureza de uma fonte, olhos que nunca viram a dor
da falsidade
só sente a brisa a roçar-lhe docemente, rosto que teve ternos
beijos maternais
só ouve frases de amor e de carinho, quem nunca ouviu o triste adeus
do nunca mais
De que adianta contemplar os campos verdes
se o verde da esperança
no meu peito já secou
De que adianta aguardar pelo futuro
se o barquinho do presente
no passado naufragou.