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COQUEIRO DA SOLIDÃO

(José Fortuna)

Sempre que eu vinha com boiadas do sertão, velho coqueiro bem de longe eu avistava
E com o vento já sabia se choveria, conforme o lado que suas folhas balançavam
Mas com o tempo foi perdendo suas folhas, e um toco preto só ficou em seu lugar
Olhei no espelho de meu tempo percorrido, e vi também que era hora de parar.

Velho coqueiro,
da solidão,
igual você,
hoje sou sombra do sertão.

Seu velho tronco era meu ponto de parada, quantas histórias e canções eu lá deixei
Restos de lua, sol de outono, madrugadas, léguas de estradas foram tantas que nem sei
Folhas curvadas parecidas com berrantes, junto a você estão caídas pelo chão
Onde só o triste minuano da saudade, vem lhe seguindo por dezenas de verões.

Também no amor, o verde campo da esperança, eu fui coqueiro, beirando o caminho dela
Porém no amor nós dois murchamos lentamente, nosso verdor hoje são folhas amarelas
O que nos beija hoje é o vento do passado, e nos abraçam os cipós dos tempos idos
Raios de sol, recordações da mocidade, são o que trazem nossos corpos aquecidos.