Imprimir    << voltar



COLÔNIA VAZIA

Rasqueado

(José Fortuna/Mairiporã - grav. Irídio e Irineu)

Estou muito aborrecido porque vejo hoje em dia
muitas favelas lotadas, muitas colônias vazias
é o homem deixando a terra rodeando as grandes cidades
pra ver se ganha alguns cobres
mas bem tarde ele descobre
quanto dói uma saudade

Uma colônia vazia sobre a colina parece
um colar de pedra branca disposto em forma de leque
perto dali um terreiro, num canto um pilão quebrado
e do telhado sem dono
a coruja dorme um sono
sobre os restos do passado

Onde estão os moradores desta colônia vazia
que a noite neste terreiro tinha festa e cantoria
na porta teias de aranha, na frente um portão caído
abandono e solidão
tudo lembra o tempo bom
de um passado adormecido

Muitos desses moradores estão nas grandes cidades
sem dinheiro e sem emprego passando necessidade
voltem pra sua colônia que ficou no pé da serra
e cubram o sertão de flores
porque vocês, lavradores,
são as fortes raízes da terra