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COCHO DE CABREÚVA
                                                               (José Fortuna/Paraíso - grav. Liu e Léu)

Igual um cocho de cabreúva hoje é meu corpo, que na floresta da mocidade foi derrubado
O boiadeiro, meu coração no curral do peito, batendo vai num compasso lento chamando o gado
É o gado manso dos longos anos que se alimentam, do sal da vida dentro do cocho esparramado
Porteira aberta, onde o sol entra iluminando, eu que fui mata e a mão do tempo me pôs deitado

Eu sou o cocho, por Deus lavrado
Pelas campinas do meu destino abandonado

Dentro do velho cocho poído está meu tempo, cheio de ciscos que pelo vento são arrastados
A capoeira de minha infância foi o seu berço, e o dia-a-dia cortando fundo foi o machado
Cocho sem vida, vida sem ida, ida sem volta, apodrecendo por frios e longos pingos de chuva
Também meu pranto hoje apodrece meu ser cansado, no chão do mundo, igual um cocho de cabreúva