CÉU CINZENTO
(composta em 24/09/1980)
(José Fortuna)
Céu cinzento é um aviso
De chuvas que vão chegar
Voando rumo ao sertão
Passam as pombas do ar
As andorinhas voltando
Se aninham na cumeeira
Desce a fumaça cobrindo
O alto da cordilheira
Triste céu cinzento
Vem cobrir os dias meus
Anunciando chuvas
Pra depois do seu adeus
Chuva de meu pranto
No meu peito cai por quê
Temporal de mágoas
Vem na ausência de você
E na tarde esfumaçada
O calor que sai do chão
É a natureza com febre
Sobre o leito do sertão
Abrem-se as portas do céu
Choram os olhos do espaço
E a chuva cai de mansinho
Pra refrescar o mormasso
Na cumeeira da vida
Se aninha a pomba da alma
Quando meu ser se esfumaça
No calor da tarde calma
Triste chuva de saudade
Como chuvas do sertão
Caem das nuvens do abandono
Do céu de meu coração