CASARÃO
(José Fortuna/Jotha Luiz – grav. Jair Rodrigues/ Mococa e Paraíso)
No casarão, lá no raiar de minha vida, dentro dele está escondida minha infância a despertar
Por sobre as tábuas do assoalho já puído, só restaram os ruídos, do meu tempo a caminhar
Na velha sala está preso o meu passado, pelas frestas do telhado, passa o sol manchando o chão
Manchas de ouro, como os olhos da saudade, a espiar no fim da tarde, o interior do casarão.
No casarão, morando estão
Parede meia, a saudade e a solidão.
No casarão eu vejo um vulto pequenino, sou eu aquele menino, que ao fazer malcriação
Para não ver a minha mãe ralhar comigo, e sofrer algum castigo, me escondia no porão
Cheiro de rosas, lá ficou marcando a hora, quando meu pai foi embora, e o seu corpo lhe cobriu
Também voei, pra muito além do casarão, porque o meu coração como ele está vazio.