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CANTO CHORANDO


toada

(José Fortuna/Paraíso - grav. Leôncio e Leonel/Lourenço e Lourival)

Quando prendemos na gaiola um passarinho se ele pudesse nos dizer assim diria:
por que prendeu-me nesta cela para sempre, por que tirou-me da floresta onde eu vivia
vejo distante o sol raiando e me recordo aquele tempo que eu voava livremente
tinha o espaço sem divisa e sem fronteira, e a largura do horizonte em minha frente.

E hoje o homem ao me ver assim cantando não imagina como está meu coração
este meu canto é um soluço de tristeza é o meu modo de chorar nesta prisão.

Como estará o botão de flor vermelha que eu esperei desabrochar de madrugada
como estará o lago azul e a verde mata e aquele pé de manacá beirando a estrada
Se para o homem eu cantei sem cobrar nada e o meu canto fez ninar o filho seu
porque tirou-me para sempre do meu ninho onde sem nada o meu filhinho morreu.
E hoje o homem ao me ver assim cantando não imagina como está meu coração
este meu canto é um soluço de tristeza é o meu modo de chorar nesta prisão.

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