BOIADEIRO VIAJADOR
moda de viola
(dialeto caipira)
(José Fortuna - grav. Torrinha e Pinheirinho)
A Barra do Piraí é uma zona dos criadô, fazendeiro muito
rico, foi ali que começô
comprando e vendendo boi, do campo pro matadô, foi ali onde eu nasci e
o destino me adotô
de eu ser um cabra de gosto boiadeiro e domadô.
No Triângulo Mineiro, um dia o patrão mandô, nóis
ir buscar uma boiada, tudo de boi pegadô
junto levei dez peão corajoso e brigadô, nóis cheguemo na
fazenda, fazendeiro me hospedô
nóis posemo nos bachero e o gado no corredô.
Quando foi de madrugada peãozada levantô pra fazer a apartação,
meu burro pampa suô
naquele dia mostrei um pouco do que eu sô, da janela da fazenda uma moça
me chamô
quis saber da minha vida onde eu era moradô.
Eu virei e disse pra ela, já te conto donde eu sô, me chamo “Cravo
da Índia”, querido de todas as frô
fui criado pelo mundo, sem lar e sem protetô, os bachero é minha
cama, sereno é meu cobertô
sou filho da Estrela D’Alva, que a madrugada raiô.
PARTE DECLAMADA:
Na hora da despedida, já vinha raiando o dia, os passarinhos nos
ares cantando se arrepartia
e a cabocla que ficava chorando pra mim dizia.: “ boiadeiro eu sei que
você vai
e num volta pra nunca mais nós se vê
então leve esse retratinho que é uma pequena lembrança
desta cabocla que fica chorando por você
PARTE CANTADA:
Eu nunca senti saudade, mas nesse dia apertô, foi essa a primeira
vez que um boiadeiro chorô.
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