BÓIA-FRIA (O)
composta em 08/06/1980
(José Fortuna/Carlos César - Grav. Biá e seus Batutas)
O bóia-fria sai de casa bem cedinho, nem dá a bênção
pros filhinhos prá apanhar o caminhão
Quando as estrelas se parecem lá distante um colar de diamantes no pescoço
do sertão
Depois de um gole de café amanhecido, pé na estrada decidido a
trazer no fim do dia
Alguns trocados pra pagar o bar da esquina e comprar as vitaminas pra fraqueza
da Maria
Plantando o verde sobre o campo não descansa vendo o verde da esperança
secar no seu coração
enquanto a enxada da ilusão corta seu peito, bóia-fria tá
no eito a cortar peito de chão
O bóia-fria leva na fria marmita arroz e batata frita prá comer
lá no taião
De emoção a bóia fica na garganta ao lembra-se que na janta
seus filhinhos não tem pão
a tarde volta ao encontro da família e a mulher tem uma pilha de problemas
pro João
cortaram a luz e hoje é a lua cheia lá do céu nossa candeia
que ilumina o barracão
Plantando o verde sobre o campo não descansa vendo o verde da esperança
secar no seu coração
enquanto a enxada da ilusão corta seu peito, bóia-fria tá
no eito a cortar peito de chão
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