BOCA DA MATA
(composta em 28/02/1981)
(José Fortuna/ Edinho da Mata)
Pela boca da mata sai
Os protestos do sertão
Natureza dizendo sim
E o progresso dizendo não
Diz a mata: viver eu preciso
Pois sou filha da mãe natureza
O progresso responde: é o momento
De eu matar toda a tua beleza
Não permita que o canto das aves
Emudeçam nas minhas ramagens
O progresso responde: Abre alas
Porque agora preciso passagem
Deixe ao menos viverem os insetos
E as flores que o vento balança
Enfeitando meus verdes cabelos
Porque o verde é sinal de esperança
O progresso responde: hoje eu tenho
O prazer de ter ver destruído
Porque eu vim transformar num deserto
Todo o imenso sertão colorido
O meu seio é o cantinho onde guardo
O pouquinho do verde que resta
Porque o mundo futuro precisa
Do perfume de minha floresta
O progresso responde: Eu ordeno
Que se afaste do rumo onde eu passo
Suas matas serão destruídas
Pelo meu maquinário de aço