BICO DE PENA
moda de viola
(dialeto caipira)
( José Fortuna/ Tonico - grav. Tonico e Tinoco)
Com pena peguei na pena para com pena escrever
alembrando de Ritinha que comigo vi crescer
Fui escrevendo estes versos, comparando meu viver
com este bico de pena que escreve o meu padecer
Naquele mesmo cartório, há muitos anos passados
com o mesmo bico de pena fomos nós dois registrados
e naquela capelinha onde fomos batizados
a mesma pena deixou nossos destinos marcados
Depois juntinhos na escola, como a inocência da flor
Eu escrevia contando meu destino sofredor
Depois que fiquemos moço, fiz da pena o portador
dos bilhetes que levavam a nossa queixa de amor.
Um dia na mesma igreja onde fomos batizados
toda vestida de branco ela ajoelhou ao meu lado
com o mesmo bico de pena foi nosso nome assinado
O seu vigário falou: - parabéns, estão casados.
Um dia Deus levou ela e sozinho me deixou.
Aquela pena que um dia nosso destino juntou
e depois sem piedade a mesma pena assinou
seu atestado de morte no livro da minha dor