BERRANTE DO POVO
(composta em 16/09/1981)
(José Fortuna/Campos Sales)
Se eu pudesse tocar o berrante
Juntar meu povo em torno de mim
Eu o levaria de volta ao sertão
Pra plantar o chão e a miséria ter fim
Dói minh´alma ver a minha gente
De cabeça baixa na multidão
Abandonados à própria sorte
Até parece gado de corte
Que segue pra morte sem contestação
Nos carreadores da grande avenida
No meio da grande cidade que cresce
Só ele é pequeno porque seu trabalho
Não tem o valor que o operário merece
A pena terrível do ingrato patrão
Marcando descontos em seu pagamento
É igual ferrão a sangrar o operário
Como Jesus Cristo subindo o calvário
Sem ninguém ter pena de seu sofrimento
Meu povo não sabe a força que tem
Porisso se encolhe no estreito curral
Debandem-se todos e voltem pro campo
Sentir o aroma de seu cafezal
A minha viola é o berrante do povo
Que possui o triste cantar do sertão
Por ser de madeira já têve raízes
Igual você têve momentos felizes
Quando lá na roça fez parte do chão