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A ENXURRADA
toada                                                    (José Fortuna/Paraíso - grav. Mococa e Paraíso)

 

A enxurrada ao descer a serra vai pelos caminhos corroendo a terra,
trazendo galhos  e capim tigüera até a baixada onde o rio  espera 
Traz folhas mortas que a chuva arrancou,  e sobre o caminho o vento arrastou
o som das águas que cantando vão na grande harmonia da orquestra do chão.

Passa a enxurrada em frente onde moro, com ela se junta o pranto que choro
eu também sou folha caída do ramo porque estou longe de quem tanto amo.

A cabeleira de brancas espumas segue a enxurrada nas tardes de bruma,
os pingos ralos da chuva caída dão festa nos campos e às flores a vida,
Chegam as borboletas rodeando as taperas e a tarde saúda feliz primavera
Só eu não mudo pra nova estação pois tenho no peito eterno verão.

Passa a enxurrada em frente onde moro, com ela se junta o pranto que choro
eu também sou folha caída do ramo porque estou longe de quem tanto amo.