A COLHEITA
toada
(José Fortuna/Carlos Cezar - grav. Chitãozinho e Xororó)
Quando o cansaço do trabalho sem descanço de grossos calos amarelam
suas mãos,
o lavrador vê transformar o verde em flor, e vê a flor se transformar
em grãos.
Se de chorar Deus se lembrou durante o ano, e o seu pranto se fez chuva sobre
o chão
o lavrador já se prepara pra colheta, sorrindo vê que o seu suor
não foi em vão.
E a colheita que encheu a tulha.
Da tulha o grão para a cidade vai.
A terra dorme e ele não descança
sempre na esperança de colher bem mais.
Para colher o que plantou com seu trabalho, o lavrador leva pro eito um mutirão
a sacaria é trazida aos carreadores, e pra cidade quem transporta é
o caminhão.
Com o dinheiro ele vai pagar o banco, não sobra nada e ele espera outro
verão.
Assim pensando o lavrador vai para a roça arar a terra para nova plantação.
E a colheita que encheu a tulha.
Da tulha o grão para a cidade vai.
A terra dorme e ele não descança.
sempre na esperança de colher bem mais.
Entra colheita, sai colheita e nunca morre a esperança desse homem do
sertão.
Chegando ao fim o carreador do seu destino, de sua luta não sobrou nenhum
tostão.
Um simples nome fica em seu último leito, que tanto faz se é Antônio
ou João.
Ninguém se lembra de quem só viveu pra terra, e que um dia acabou
virando chão.
E a colheita que encheu a tulha .
Da tulha o grão para a cidade vai.
A terra dorme e ele não descança.
sempre na esperança de colher bem mais.